terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Vi meninos
Que não tinham nada
E que só pediam
Uma bola de futebol.
Se pudesse
Eu dava-lhes até
O sol.
Mas creio que,
Como eu,
Quase ninguém os vê.
Vi estes meninos
Porque alguém os filmou
P’ra uma reportagem na TV.
***
Deu-me uma certa vontade de chorar.
Mas as minhas lágrimas
Não os vão saciar.
Por isso,
Eu vou antes sorrir
E pedir ao Menino Jesus
Que a sua prenda
Seja pegar no meu sorriso
E levá-lo aos meninos
Que a reportagem dizia
Que viviam muito, muito mal
[E que nem sequer sabiam
Que amanhã
Era dia de Natal].

Lx. 24-XII-2006

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

CREIO QUE DEVO !!!

Se eu pudesse eu fazia da vida uma roda-viva.
Não. Não me refiro à minha vida. Com essa vou podendo eu. Por vezes mais calma. Outras vezes mais num alarido. Mas vou fazendo de mim o que os condicionais permitem que o meu eu se torne, de acordo com os projectos que cada dia, eu vou arquitectando.
Se eu pudesse fazia da vida, no seu todo, uma roda-viva. Um baile animado, em que cada um tivesse o poder de ouvir a música que desejasse, naquele preciso momento, dançar. Em que cada um fosse o par daquele com quem desejasse, naquele preciso momento, e quiçá sempre, dançar. E, claro está, concretizar aquela que, a cada momento, se iria tornando a dança da sua vida.
Se eu pudesse fazia com que a alma dos poetas se elevasse e passasse a ser parte integrante do vento. O passar da brisa seria um recital e não sei, nem me preocupa saber, quantos poemas ganharia um dia de vento intenso
Pediria aos mais velhinhos que ensinassem os mais novos a viver. E pediria aos mais novos que ensinassem os velhinhos a ter esperança e a sonhar.
Se eu pudesse fazia da vida um romance de partilha e amor.(…)

Lisboa, 17 de Março de 2008

Nem sei se deva ...

Francamente, nem me estava a ver a escrever isto.
Mas, e desculpem-ne estar a partilhar isto convosco, cada vez me é mais dificil aceitar a infelicidade de alguem. E de uma coisa tenho a certeza é que não tem nada a ver com o Natal ou o que quer que seja. É mesmo pessoal, e já vem de longe.
Cada vez mais se torna dificil entender porquê, encontrar uma justificação que me pudesse aliviar esta sensação, a de ser um dos muitos responsáveis por tudo, apenas pelo facto de nada fazer para contrariar. Ás vezes dou comigo a pensar que talvez a idade me esteja esteja a transformar num grande lamechas, mas estou certo que não é isso. Estou sim mais sensivél e o facto de ter atingido uma boa parte dos meus objectivos, faz-me questionar porque não está toda a gente nesta situação? Porque não é toda a gente feliz como eu? Um dia destes alguem me disse algo que me deixou bastante confundido sobre a forma como entendo a felicidade ou infelicidade de cada um. É tão simplemente," não há mal tão mau que não seja bom para alguém". Será que é mesmo assim? será que não sentimos a infelicidade ou a felicidade da mesma forma? será? bolas, mas que grande chatice. As experiencias do meu ultimo ano tem no minimo sido de uma riqueza imensa. Consigo ser cada vez mais rico com muito menos. Dou, dou e dou e sobra-me sempre. Estou certo que estou a receber muito mais em troca do que estou a entregar,só assim se justifica esta abundancia que me enche a alma. Chego a pensar se o resultado desta troca, é injusto e fruto do meu egoismo feroz o que me faz ser mais um a quem nada chega, contribuindo seguramente para a menor felicidade de alguem.
Bem tenham tolerancia comigo, da minha necessidade de dizer que algo não está bem, mas á demasiada gente infeliz num mundo tão pequeno, que corre tão rápido para cada um de nós.

Aos meus queridos amigos que me escutam

domingo, 6 de dezembro de 2009


Do Passado só me...

Passado que foi o passado
Eis que senão, um novo presente.
Um novo presente onde a história
Nas páginas de um livro repassado
É apenas parte de um tempo ausente
Que sobrevive em cada memória.

Passado que foi o presente
Eis que senão, um novo passado
Um novo passado em que a memória
É apenas parte de uma Historia
De alguem que já cansado
Clama porque se sente ausente

Passado, presente, nada mais importa
Quanta angustia chorada e escondida
Alguem te estende a mão
Que lhe abras a porta
Não hesites encontra a vida
Passado ou presente não fiques ausente
Já nem sequer importa
Seja ou não apenas ficção.

Ó quantas memórias!!!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

«Foi você que pediu um Porto Ferreira?»

Estendo a mão
A quem me a dá.
Estendo a mão
Ou estendo o ombro.
Estendo a mão
E, oh Jesus,
Quantas vezes
A quem estendo
Não é demónio
Ou assombro.

Dizem amar por amar.
Eu não amo
Por desporto.
Que a Vida não queira
Nunca
Obrigar-me
A apreciar
Beijos à moda do norte,
Assim como quem engole
Tripas à moda do Porto.

Ao Zé Lobo e resto da malta manhosa.
Olival (algures entre Lisboa e Porto), 22-XI-2009