segunda-feira, 2 de setembro de 2013




A partir de um modelo, que achei excelente. Apenas entendi adicionar-lhe a geometria das lágrimas para alguém que acredito não necessita de chorar

sábado, 11 de maio de 2013

domingo, 18 de novembro de 2012



Apenas  mais um cheirinho  do por do sol da nossa terra

Advinhem onde.

Benguela - Praia Morena




Brisa de Ar Puro


Brisa de ar puro
Em mar de ilusões
Beija teu ventre maduro
Num vendaval de emoções

Brisa de ar puro
Que afaga teus sentimentos
Acaricia o teu futuro
Desperta teus pensamentos

Brisa de ar puro
Que envolve teu presente
Desvenda o que te auguro
Em dia de sol nascente

Brisa de ar puro
Em teu corpo maduro
Serpenteia em teu cabelo
Acode ao teu apelo

Brisa de ar puro
Em teu corpo maduro
Viagem de uma só ida
Num dia da tua Vida

Num dia da tua vida...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012



Meus Caros,

Vou brindar-vos com algumas imagens de um pôr do sol único.

Sim, o pôr do sol da minha terra. Simplesmente maravilhoso!







terça-feira, 25 de setembro de 2012


Aos meus queridos amigos para que recordem. Era tão simples ser feliz!


                             Domingo de Angola


Para mim, domingo de Angola é paraíso. É um céu. Colorido. É moamba de peixe ou caril de galinha de Quilengues. Domingo de Angola não tem rival no mundo. Começa na praia e acaba na sesta. Não tem Sporting – Benfica, nem linha de Sintra, não tem a Vila – Franca.Não tem touros, nem Cacilhas, nem caracóis no Ginjal.Domingo de Angola, para mim, é o melhor Domingo do mundo que eu conheço
– e que já não é nada pequeno, benza-o Deus.
Moamba para mim é um ritual. Tem pirão de fuba de mandioca – que eu sou do sul, usa-se milho, mas eu prefiro de mandioca á moda do norte, á moda de Malanje , tal qual no Uíje – mete farinha de pau e obrigado velha que está uma delícia.
Tem de ser comido á sombra de uma palmeira ou coqueiro, debaixo de uma mandioqueira ou mangueira quando é no interior. Porque coqueiro só no litoral. É por estas e por outras queeu gosto do Domingo em Angola. Domingo de branco. Domingo de preto. Domingo de todos, domingo de missa, de padre, de domingo.
A verdadeira moambada, aquela que é feita de galinha tenra, tão tenra que sabe a peito de virgem, a moamba verdadeira, tem de ser do cacho primeiro da palmeira do quintal. O molho será apurado pelo velho cozinheiro, que foi mestre dos pais, dos filhos e dos filhos dos filhos. Tem molho que é de “come e arrebenta e o que sobra vai no mar” como dizia o poeta patrício e mulato Viriato da Cruz, no “Sô Santo”.
Moamba verdadeira, repito, só se come duas ou três vezes na vida. É preciso estar-se em estado de graça. Estar-se com Nosso Senhor e com os anjos.Moamba para mim, é saudade, hoje que estou longe, hoje que estou perto.
Estou perto de estar longe. Não compreendem leitores? A gente está longe e tem saudades. Antes de adormecer, pela noite, vem a lembrança, da pitangueira do quintal, da Rosa Lavadeira, do amo-seco Canivete que falava “axim” à moda de Viseu, e tudo isso aparece nítido, cada vez mais claro e puro como certas horas da madrugada da Serra do Lépi. A primeira vez que comi moamba, dela me lembro como da primeira vez que beijei mulher, do primeiro desafio de futebol, do primeiro amor nocturno na areia da praia, com mulher de verdade. A primeira moamba, lembra-se como se lembra a primeira ida á escola. O travo nativo do cacho de dendém, que leva meses a fazer-se, até os frutos terem a tonalidade da queimada. Metade o clarão no céu da noite, escuro, um escuro breu. Tudo isso o sabor tropical junta naquele fruto, que tem brisa do mar, sol de praia, frescura de casuarina, amor de mulata. O Coconote e as influências indianas nadando no molho. Tem jindungo, a moamba genuína, aquela que cheira a sândalo, que escorre do canto da boca, do patrício apaixonado, de olho rútilo e lábio trémulo. Mas a galinha, essa tem de ser de Quilengues, magra e criada no mato, quase sem penas, galinha de sanzala, galinha de preto, que é como quem diz, de pobre. Isto está divinal, velha, eu um dia volto. Se entra a erva-doce, zumba que zumba e farinha de pau, oh, céus, oh. Mãe, isto não é moamba, isto é poesia.
Literatura.
Mas tem de ser comido no terreno da casa de adobe do bairro velho.Tem de ser comido em ritual, na casa de adobe com telhado de zinco da estrada da escola da Liga, ou num dos Muceques de Luanda, por sobre as areias avermelhadas do Prenda ou do Burity.
Depois a altura do peito de mulher na moleza da carne ou do peixe.Se é “roncador”, aka, é peixe da costa e sabe que sabe tão bem. Mas de galinha é melhor. Galinha de Quilengues escanifrada, repito. Galinha de pobre.
Fico por momentos em êxtase, as mãos sobre o estômago, lembrando o terreiro da família Gamboa lá de Luanda onde comi uma coisa dessas uma vez há muitos anos. Num bairro velho de Benguela, eu estarei ainda um dia com os meus companheiros dos tempos de eu menino, comendo moamba e bebendo quiçângua à sombra do bambu do Edelfride – na casa do Edelfride.
Moamba é riqueza de pobre e fraqueza de rico. Entra em palácios sem pedir licença,com o mesmo á vontade com que se senta nos quintais com sombra de mangueira e entre em terrina de esmalte, prato de esmalte, caneca de esmalte, garfo de alumínio. Velho sonho de poeta, lembrança de castimbala. Moambada para mim é saudade e sonho, recordação e batuque, história de amor.
Um dia quando eu voltar, hei-de comer uma moanbada de peixe ou de carne, à sombra de um cajueiro, num musseque de Luanda, moamba de cacho primeiroda palmeira do quintal, não é velha? Depois de muito beber dormirei a sesta.
E hei-de gostar de ouvir um desses rapazes do meu tempo, feito velho de cabelos brancos, recitar baixinho enquanto adormeço, a balada do Viriato:
“… Kitoto e batuque pró povo lá fora champanhe, ngaieta tocando lá dentro…
Garganta cantando:
“ Come e arrebenta
E o que sobra vai para o mar…”
Para mim, Domingo de Angola é isso tudo. Um céu colorido. Uma moamba de peixe.
Uma noite de luar.
… Não tem Sporting – Benfica, não tem touros, nem caracóis no Ginjal…


Ernesto Lara Filho, in jornal de notícias, 1957







sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quando Te Disse
Que Era Da Terra Selvagem
Do Vento Azul
E Das Praias Morenas...
Do Arco-Iris Das Mil Cores
Do Sol Com Fruta Madura
E Das Madrugadas Serenas...

Das Cubatas E Musseques
Das Palmeiras Com Dendém
Das Picadas Com Poeira
Da Mandioca e Da Fuba Também...

Das Mangas e Fruta Pinha
Do Vermelho Do Café
Dos Maboque e Tamarindos
Dos Cocos, Do Ai Ú'é...

Das Praças No Chão Estendidas
Com Missangas De Mil Cores
Os Panos Do Congo E Os Kimonos
Os Aromas, Os Odores...

Dos Chinelos No Chão Quente
Do Andar Descontraído
Da Cerveja Ao Fim Da Tarde
Com O Sol Adormecido...

Dos Merengues E Do Batuque
Dos Muquixes E Dos Mupungos
Dos Imbondeiros E Das Gajajas
Da Macanha E Dos Maiungos.

Da Cana Doce E Do Mamão
Da Papaia E Do Caju....

Tu Sorriste E Sussurraste
« Sou Da Mesma Terra Que Tu»

In «Os Retornados:
Um Amor Nunca se Esquece»
Júlio Magalhães