domingo, 24 de janeiro de 2010


Sonho... dos Sonhos

Claros cinzentos ou escuros
Brilhantes ao sol raiar
Esvoaçam serenos entre muros
Desafiando a quem os quer parar
Tem asas voz e coração
Não os deixes amordaçar
Sente e vive a tua paixão
Como se tudo fosse apenas começar
Com as armas desses teus sonhos
Que cada dia e em cada mão
Fugindo de encontros medonhos
Encontrarão quem sofra na solidão
Sim, na solidão de uma vida que não tem.

Há sempre alguém para lá dos teus sonhos

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O cercado

De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó

Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado

De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias

Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado

(Dizes-me coisas amargas como os frutos)

Ana Paula Ribeiro Tavares
África no corpo e na alma...

Os teus defeitos são graças
desse mistério profundo...
Saudade de duas raças
que se abraçaram no mundo!

Tomaz Vieira da Cruz (Angola)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Caminhos

Desconheço
As minhas coordenadas.
Tomo a direcção
P'ra onde não vejo
Nem passos,
Nem estradas.

Quero caminhar,
Apenas,
Pelo que for aventura.
Por caminhos abertos
Entre noite escura
E abismos cerrados.

Quero ser
O que desconheço.
O inacessível.
O que sei que não crês
Que eu possa ser.

Quero ser
Só porque desconheço.
Só porque não sei
Se alguma vez serei.

Quero ser
[Amanhã]
Hipotética conquista;
Ou ao menos,
Aquela que tentei.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010


Alma minha que sejas


Passando por ti naquela rua
Brisa gélida que susurra baixinho
Óh quanta alma, talvez só mesmo a tua
Empurrada ao vento qual pergaminho
De leveza tal esvoaça solitária
Como poema de voz a sua
Qual sentença outrora sumária
Que algures em qualquer caminho
É alma de fonte imaginária
Brota alma minha e segue o destino
Num tempo em que por encanto
Os momentos de carinho
Ao mundo são de espanto
Alma minha quantas amarguras
Ao sabor to meu pranto
Gritos de revolta e agruras.

Alma minha, porquê tais desventuras?